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história da uniao socialista sovietica

história da uniao socialista sovietica

"É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de examinar com atenção a vida real, de confrontar nossa observação com nosso sonho de realizar escrupulosamente nossa fantasia. Sonhos, acredite neles." Vladimir Ulianov - Lênin

I. VISÃO GERAL

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, também conhecida por União Soviética ou simplesmente URSS, foi um país de proporções continentais - 22.402.200 km² de área -, que cobria praticamente um sexto das terras emersas do planeta e fazia fronteira com 12 países. Fundado em 30 de dezembro de 1922 pela reunião dos países que formavam o antigo Império Russo, na Europa e na Ásia. Tinha como vantagens a grande ocorrência de recursos minerais e sendo auto suficiente na maioria dos recursos. Como desvantagens a localização entre 35 a 80 graus de latitude, o que deixa a região com 200 dias abaixo de gelo.

A maioria da população era formada por eslavos do leste (russos, ucranianos e bielorussos) - grupos que atingiam mais de dois terços da população total no final dos anos 1980. O russo era a língua oficial da URSS, mas mais de 200 outras línguas e dialetos era falados. Ao menos 18 línguas eram faladas por mais de um milhão de pessoas cada, e cerca de 75% dos habitantes falavam línguas eslavas. Em 1989, o país tinha estimados 286 milhões de habitantes.

O número de repúblicas que o constituíram variou ao longo do tempo, mas foi de quinze durante a maior parte da existência do país. Em 1990, penúltimo ano de existência, a URSS contava com 20 repúblicas autônomas, oito províncias autônomas, dez distritos autônomos, seis regiões e 114 províncias. A União dissolveu-se oficialmente em 26 de dezembro de 1991.

Repúblicas soviéticas

• Rússia

• Ucrânia

• Bielorrússia

• Uzbequistão

• Cazaquistão

• Geórgia

• Azerbaijão

• Quirguistão

• Moldávia

• Tadjiquistão

• Armênia

• Turcomenistão

• Estônia

• Letônia

• Lituânia

• Abecásia(1921-31)

• Transcaucasiana (1922-36)

• Carelo-Finlandesa (1940-56)

II. HISTÓRIA DA UNIÃO SOVIÉTICA

A história da União Soviética começa com a Revolução de 1917 numa tentativa de implementar o comunismo a larga escala por Vladimir Lenin, até ao colapso da União Soviética em 1991, quando o seu governo centralizado foi dissolvido.

A Rússia anterior à revolução abriga vários povos. Seu território é propriedade da nobreza e a população rural representa 80% dos habitantes. O avanço da industrialização faz crescer o número de proletários.

a) Revolução Menchevique - 1905

O ano de 1905 é considerado o prólogo da Revolução Russa. Após a derrota na Guerra Russo-Japonesa, a popularidade do Czar Nicolau II, e a revolta interna que se seguiu serviria de precedente para a revolução de 1917. O ânimo popular fica exaltado, e estoura a Revolução no Domingo Sangrento, uma manifestação pacifica em São Petersburgo que é massacrada pelo Exército. Seguem-se greves e protestos. Operários, camponeses e soldados organizam-se em conselhos, os sovietes.

Os gastos com a I Guerra Mundial elevam preços, aumentando os conflitos internos, reprimidos violenta¬mente. A fome chega às cidades e há greves. A insatisfação alcança o auge em 1917, na Revolução de Fevereiro, quando o Exército se nega a marchar contra uma manifestação po¬pular em Petrogrado (hoje São Petersburgo). O governo é disputado pela burguesia, por meio do Comitê Provisório da Duma (Parlamento) e pelos socialistas do Partido Operário Social¬ Democrata Russo (POSDR), divididos entre os bolcheviques (que defendem a tomada do poder) e os mencheviques (que querem a revolução gradual, por meio de reformas). Enfraquecido, o czar Nicolau II abdica. Os mencheviques instalam a República da Duma, liberal liderada por um nobre, o príncipe Lvov. Após o fracasso na I Guerra, ele é substituído por um socialista moderado, Aleksandr Kerenski. A oposição bolchevique se fortalece, e Leon Trótski, presidente do soviete de Petrogrado, cria a Guarda Vermelha, formada por operários. Lênin, exilado na Finlândia, volta e incita os sovietes a tomar o poder. Sob os lemas "Pão, paz e terra" e "Todo o poder aos sovietes”: os bolcheviques defendem a retirada do país da guerra, a tomada do poder pelos conselhos populares e uma reforma agrária.

b) Revolução Bolchevique - 1917

A resistência de Kerenski em Moscou é vencida em 25 de outubro (7 de novembro). Os boIcheviques tomam o poder e instituem o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Trótski assume o Comissariado das Relações Exteriores e Josef Stálin o das Nacionalidades. Os boIcheviques mudam o sistema político e econômico, concedendo terras aos camponeses. Dão o controle das fábricas aos operários, expropriam as indústrias e nacionalizam os bancos. Em 1918, Moscou passa a ser a capital do país, em substituição a Petrogrado. O czar e a sua família são fuzilados. Em março, o governo assina a paz em separado com a Alemanha, aceitando entregar a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia aos alemães.

c) Guerra Civil e Consolidação da Revolução

Entre 1918 e 1922, logo após a Revolução Bolchevique, teve início a Guerra Civil na Rússia, entre os revolucionários (exército vermelho) e os contra-revolucionários (exército branco), que tiveram o auxílio de tropas estrangeiras de intervenção, enviadas pela França, Reino Unido, Japão e Estados Unidos e mais 13 países.

Trótski orga¬niza o Exército Vermelho, responsável pela derrota dos contrarrevolucionários e das forças externas. Em 1921, com a vitória na guerra civil, Lênin estabelece a Nova Política Econômica (NEP), misto de economia de mer¬cado e projeto socialista, visando a reconstruir a economia, destruída por anos de guerra. Permite a criação de empresas privadas e o comércio. Lenin teria dito: "Um passo atrás para dar dois à frente". A formação da URSS, em 1922, tem como objetivo manter unidos territórios do antigo Império Russo que pouco têm em comum. A morte de Lênin, em 1924, provoca uma luta pelo poder entre Trótski e Stálin. Trótski defende a ampliação da revolução para outros países, enquanto Stálin quer implantar o socialismo apenas na URSS. Stálin vence e assume o controle do Partido Comunista e do governo soviético, implanta o regime que será conhecido como stalinismo.

d) Economia planificada e expurgos

A política de coletivização forçada das terras de Josef Stalin, à partir de 1929, provoca a morte de 10 milhões de camponeses de fome ou executados. Também combate as tendências autonomistas de povos não-russos No ano de 1936, o regime de Josef Stálin expulsou ou executou um número considerável de membros do Partido, entre eles muitos dos seus opositores, nos atos que ficaram conhecidos como os "Grandes Expurgos" (Trótski é assassinado em 1940).

Apesar de tudo, eles acreditavam que este seria o caminho para o comunismo, mas o rumo dessa reforma social já estava traçado de forma totalmente distinta do que Marx e Lenin pensavam, o regime sob o comando de Josef Stalin era a idéia de socialismo dentro de um só país. Entre as coisas que foram feitas com esse efeito contam-se as nacionalizações e a aniquilação física da classe burguesa que o NEP havia recriado, com recurso aos gulags (campos de trabalho na Sibéria). O desastre e a truculência autoritária das políticas stalinistas contribuíram muito para a deturpação do conceito criado por Marx, de ditadura do proletariado.

Após as nacionalizações, a economia foi planificada, de modo a que esta pudesse tirar proveito da sua nacionalização. De 5 em 5 anos passou-se a realizar planos quinquenais, nos quais se decidiam que fundos seriam aplicados e em que áreas.

e) Segunda Guerra Mundial

De 1941 a 1945, a participação da União Soviética na Segunda Guerra Mundial ficou conhecida como a Grande Guerra Patriótica, combatendo os soviéticos contra as forças invasoras da Alemanha Nazista, ao lado dos Aliados ocidentais.

A Barbarossa (como foi chamada a operação de invasão da União Soviética pela Alemanha) teve início em 22 de Junho de 1941 quando três grupos de exércitos, totalizando mais de 191 divisões da Alemanha e seus aliados, atravessaram as fronteiras da então União Soviética. O avanço das tropas do Eixo foi fixado no seu avanço máximo em torno da linha que ia de Arkhangelsk ao norte e Astrakhan ao sul.

O Exército Vermelho, apesar dos avisos vindos de várias fontes, foi apanhado de surpresa, fato este que possibilitou o fácil e rápido avanço das forças invasoras. Passando a surpresa inicial e arregimentado pela liderança do líder soviético Josef Stalin, os povos de todas as repúblicas soviéticas conseguiram resistir - no entanto, não sem sofrerem numerosas perdas humanas e materiais, tendo um terço do território na Europa (a mais rica e populosa) caído na mão do inimigo. Calcula-se que perto de 5 milhões de soldados do Exército Vermelho tenham sido mortos, capturados ou feridos nos primeiros 6 meses da guerra.

Apesar das significativas vitórias dos exércitos nazi-fascistas em algumas batalhas, a tenacidade da resistência dos soldados soviéticos, acrescentada pela mobilização do povo soviético diante do inimigo, fez com que a máquina de guerra nazista não alcançasse seus principais objetivos, que eram destruir o exército soviético e conquistar as principais cidades do país: Leningrado e Moscou.

Os soviéticos conseguiram "empurrar" os alemães de volta à Alemanha para, por fim, aí derrotar os seus exércitos. Quando as tropas soviéticas estavam em Berlim, pouco antes de alcançarem Hitler, ele suicidou-se (30 de Abril de 1945).

O domínio de Berlim entre a URSS e os Aliados ocidentais levou a um forte conflito de interesses, levando a divisão da cidade e o surgimento do que ficou conhecido como Guerra Fria.

f) Desestalinização

Stalin morreu em 5 de março de 1953, deixando um vazio de poder que levou a uma disputa interna no PCUS (Partido Comunista da União Soviética) vencida por Nikita Khrushev. Como sucessor de Stalin, Khrushchev empreendeu uma política de denunciar os abusos do seu antecessor. Durante o Congresso de 1956 do PCUS, Khrushchov divulgou uma série de crimes de Stalin, renegando a herança do estalinismo, estabelecendo, assim, uma nova postura e criando um novo paradigma para o comunismo internacional. A propaganda capitalista se utilizou muito dos argumentos engendrados por Khrushchev para fazer frente à URSS.

g) Corrida espacial

Como resultado da guerra fria, a União Soviética viu-se envolvida em uma corrida pela conquista do espaço com os EUA. A União Soviética foi a nação que tomou a dianteira na exploração espacial ao enviar o primeiro satélite artificial, o Sputnik, e o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Grande parte dos feitos espaciais da União Soviética devem-se ao talento do engenheiro de foguetes Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que convenceu o líder Nikita Kruschev da importância da conquista do espaço.

h) Estabilidade, estagnação e início da crise

Entre 1956 e meados dos anos 1960, a União Soviética atingiu seu auge geopolítico e tecnológico. Foi a fase de maior crescimento econômico, envolvendo o esforço da reconstrução pós-II Guerra Mundial e a competição com os EUA no início da Guerra Fria. Entretanto, a partir dos anos 1970 começam a ficar claras as limitações do modelo soviético de economia planificada. A estagnação econômica e os gastos militares excessivos crescentes começavam a comprometer os bons indicadores sociais e o crescimento econômico.

As taxas de crescimento econômico, que nos anos 1950-1960 variaram de 5 a 8%, cairam para menos de 3%, até atingir crescimento zero na primeira metade dos anos 1980. Em 1980 a URSS deixa de ser a segunda maior economia do mundo e é ultrapassada pelo Japão. Em 1990, com a reunificação alemã, cai para o posto de quarto maior PIB mundial. Este quadro piora rapidamente com a nova crise da transição para o capitalismo nos anos 1990, quando a Rússia torna-se o 15º PIB mundial.

Como a estagnação dos anos 1970 se transformou em uma crise profunda nos anos 1980 a ponto de desestruturar a economia soviética é objeto de discusões até os dias de hoje.

Na prática os planos quinquenais tornavam a economia pouco flexível para enfrentar as flutuações de mercado internas ou externas. Quando havia uma seca ou problema na agricultura, e a produção de um determinado produto, por exemplo trigo, era inferior ao planejado, isto gerava uma série de problemas, pois faltava farinha e pão, e as metas de produção destes produtos também não eram atingidas.

A economia planificada também acabou sendo direcionada para o fortalecimento dos setores industriais mais tradicionais, que tinham mais capacidade de lobbie junto à burocracia do partido. Os planos quinquenais acabavam priorizando o setor da indústria bélica em detrimento dos setores civis.

i) A crise nos anos 1980

A estagnação econômica da União Soviética transformou-se em crise ainda nos anos 1970. Entretanto alguns fatores permitiram que a URSS mantivesse uma economia planificada por mais tempo. A distensão da Guerra Fria permitiu alguma redução dos gastos militares. A alta dos preços do petróleo (1973 e 1979-1980) e das comodities agrícolas permitiu que o país conseguisse aumentar as exportações totais, principalmente em moeda forte. O aumento das exportações permitiu que a URSS continuasse a enviar ajuda militar e econômica aos aliados pobres, ao mesmo tempo em que reinjetava recursos na economia nacional. Entretanto a mudança de estratégia dos Estados Unidos no fim dos anos 1970 e início dos 1980, com a retomada da Guerra Fria e da corrida armamentista, iria aprofundar a crise soviética.

Os custos militares da Guerra Fria já estavam insustentáveis para a URSS no fim dos anos 1970. O pais mantinha forças armadas de quase dois milhões de homens, sendo 1 milhão mobilizados na Europa Oriental. Quando a China se aproxima dos EUA nos anos 1970 e passa a ameaçar a URSS a situação piora. A China estacionou quase 1 milhão de homens nas fronteiras com a União Soviétia, e para contrabalançar, esta teve que estacionar outro 1 milhão de homens na fronteira com a China. Os custos desta mobilização permanente começavam a se mostrar insutentáveis no início dos anos 1980 com o envolvimento soviético no conflito do Afeganistão.

A partir de 1978-1979 os Estados Unidos e alguns de seus aliados, como a Arábia Saudita, começaram a financiar e armar os mujahidins fundamentalistas islâmicos no Afeganistão, para que estes lutassem contra o governo socialista que havia se instalado neste país. Uma guerra longa, com altos custos econômicos e humanos, sem chances de vitória, lutando contra um inimigo disperso e determinado, que recebia ajuda militar da outra superpotência rival.

Os custos da Guerra do Afeganistão (1979-1989) foram altíssimos para uma economia em crise como a soviética e acabaram tendo o efeito imaginado pelos EUA: estenderam ao máximo e desgastaram profundamente a capacidade econômica e militar da União Soviética. Aos custos da Guerra no Afeganistão somavam-se os custos crescentes da ajuda que o país tinha que enviar a países socialistas muito pobres e em guerra civil, como Angola, Moçambique e Etiópia, cujos governos enfrentavam o recrudescimento dos conflitos internos contra insurgentes apoiados pelos EUA.

Com a queda nos preços internacionais das comodities agrícolas, e principalmente do petróleo, entre 1984 e 1985, a URSS perdeu a principal fonte de divisas externas em moeda forte, e a crise se aprofundou ainda mais, pois o país não conseguia mais pagar suas importações.

A situação torna-se desesperadora quando em 1986 ocorre o acidente na usina nuclear em Chernobyl, na Ucrânia. Além dos custos imediatos, o vazamento de radiação contaminou a produção agrícola de grãos da Ucrânia, considerada o "celeiro agrícola da União Soviética". A URSS passou a ter que importar comida e não tinha recursos econômicos para isso. Em uma economia rigidamente planejada isto significou o racionamento de alimentos básicos como pão. A situação de crise profunda abria caminho para o colapso.

A queda deveu-se principalmente a mudança do paradigma mundial de produção industrial, iniciado no início da década de 1970, passando do modelo Fordista, onde a produção era centralizada e com pouca flexibilidade, portanto mais adaptada ao modelo soviético, para o modelo Toyotista, descentralizado e flexível, incompátíveis com o modelo soviético de produção. A tentativa de modernização acelerada viria como proposta "salvadora" de Mikhail Gorbatchov, mas não conseguiria mais reverter a crise.

j) A tentativa de modernização

Mikhail Gorbatchov foi o último dirigente soviético. Assumiu o cargo de secretário-geral da PCUS (Partido Comunista da União Soviética) em março de 1985, substituindo Konstantin Tchernenko, que faleceu naquele ano. O bom relacionamento com os membros do partido e a habilidade política foram fatores que credenciaram Gorbatchov a assumir o posto mais importante na hierarquia administrativa soviética. Defensor de idéias modernizantes, instituiu dois projetos inovadores: a perestroika (reconstrução econômica) e a glasnost (transparência política).

A Perestroika, que teve início em 1986, foi concebida para introduzir um novo dinamismo na economia soviética, que passava por sérios problemas. Para que os setores econômicos do país tivessem uma expansão qualitativa e quantitativa, foram introduzidos mecanismos para estimular a livre concorrência (e acabar com o monopólio estatal), desenvolver setores secundários de produção (bens de consumo e serviços não-essenciais) através da iniciativa privada e descentralizar as operações empresariais. No campo, foi estimulada a criação de cooperativas por grupos familiares e arrendamento de terras estatais. A proposta também foi incentivar empresas estrangeiras a atuarem no país.

Na área política e social, a Glasnost pretendeu colocar novos paradigmas no modo de vida soviético. Para que a União Soviética tivesse um desenvolvimento forte e profícuo, era necessário colocar uma nova mentalidade em todos os segmentos da sociedade. Assim, a proposta foi de acabar com a burocracia política, combater a corrupção e introduzir a democracia em todos os níveis de participação política. A glasnost também libertou dissidentes políticos e permitiu a liberdade de imprensa e expressão.

k) O fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética

Entre 1987 e 1988 a URSS abdica de continuar a corrida armamentista com os Estados Unidos, assinando uma nova série de acordos de limitação de armas estratégicas e convencionais. A URSS inicia a retirada do Afeganistão e começa a reduzir a presença militar na Europa Oriental. O governo soviético pressiona aliados pela negociação de paz em conflitos como a Guerra Civil Angolana, onde os termos para o fim do conflito são estabelecidos em acordo com os EUA, Angola, Cuba e África do Sul. Esta nova postura também significou a redução de todas as formas de apoio (político, financeiro e comercial) que esta potência dava a regimes aliados em todo o mundo.

No plano interno, Gorbatchov enfrentou grandes resistências da oligarquia e dos burocratas partidários (os apparatchiks). A linha dura do partido via a postura de Gorbatchov no plano internacional como covarde e acusava-o de trair a URSS e o socialismo. Estes grupos eram contra a retirada do Afeganistão e defendiam que a URSS deveria intervir nos países da Europa Oriental que estavam passando por processos de democratização e abandonavam o socialismo, como a Polônia. Em 1991, setores mais belicistas do governo soviético defenderam que a URSS deveria ter apoiado o Iraque na Guerra do Golfo contra a coalizão de países liderada pelos Estados Unidos e passaram a criticar o governo Gorbatchov como fraco.

Gorbachov acabou destituído quando as repúblicas, lideradas pela Rússia já então dirigida por um antigo apparatchik de nome Boris Iéltsin, se rebelaram contra o governo central em Agosto de 1991. Esta tentativa de golpe de estado por parte da linha-dura do PCUS foi fracassada por causa da resistência dos reformistas do Partido e pela resistência popular. Os novos líderes eleitos nas eleições de 1990, como Bóris Iéltsin lideram a resistência no plano regional, o que aprofunda as divergências entre o Estado Soviético (a União) e as Repúblicas. A derrota do golpe e o caos político que se seguiu agravou o separatismo regional e acabou levando à fragmentação do país (com 12 das 15 repúblicas declarando independência até dezembro). Gorbatchov declara oficialmente o fim da URSS na noite de natal de 25 de dezembro de 1991.

III. LEGADO MILITAR

A União Soviética produziu equipamentos militares que são usados e reverenciados até os tempos atuais. Entre eles estão o fuzil AK-47 e o caça MiG-29. Deixou também uma grande quantidade de bombas atômicas à Federação Russa que especula-se manter em estoque 37 ogivas apenas herdadas do regime soviético. A estrutura física militar da Russia é em sua maioria também herdada do antigo regime. Deixou também muita sucata o que levanta debates em ecologistas em como armas químicas e biológicas são dispensadas no meio ambiente.

IV. ESTRUTURA POLÍTICA

O governo da União Soviética implementava as decisões tomadas pela principal instituição política do país, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS).

No final dos anos 1980, o governo parecia ter muito em comum com os sistemas políticos das democracias liberais. Por exemplo, a constituição soviética estabelecia todas as instituições do governo e concedia aos cidadãos uma série de direitos políticos e civis. Uma casa legislativa, o Congresso dos Deputados do Povo, e sua comissão legislativa permanente, o Soviete Supremo, representavam o princípio da soberania popular. O Soviete Supremo, cujo presidente eleito servia de chefe de Estado, supervisionava o Conselho de Ministros, que exercia o poder Executivo. O presidente do Conselho de Ministros, cujo nome era aprovado pelo Soviete Supremo, por sua vez, atuava como chefe de Governo. O poder Judiciário, previsto na constituição, era formado por um sistema de tribunais encabeçado pela Suprema Corte. Conforme a constituição soviética de 1977, o governo possuía uma estrutura federativa, o que dava às repúblicas certa autonomia quanto à implementação de políticas e oferecia às minorias nacionais uma aparente participação na administração de seus próprios assuntos.

Na prática, porém, o governo diferia consideravelmente dos sistemas ocidentais. No final dos anos 1980, o PCUS exercia muitas das funções geralmente atribuídas aos governos de outros países. Por exemplo, o partido decidia as políticas a serem aplicadas pelo governo. Este apenas ratificava as decisões do partido de modo a conferir-lhes uma aura de legitimidade.